terça-feira, 11 de maio de 2010

Ele desperta...

... em mim coisas ruins, e coisas boas também. Mas principalmente coisas das quais eu não abro mão. (R.)


"Um carro, uma rodovia, um acidente, três horas da madrugada. Eles estavam voltando de uma festa, casamento de seus amigos. Sua filha estava sozinha em casa.

O telefone toca e Mariana acorda.
Era um homem, identificado como Carlos. Não o conhecia, ele mesmo havia dito isso, mais ele estava ligando para informar que seus pais haviam sofrido um acidente, e que tinham sido encaminhados a UTI do Hospital Huntingon. Não sabia onde ficava, mais sabia que chegaria lá. Ligou para um taxi conhecido de seus pais, e pegou o dinheiro que estava guardando e foi. Chegou lá em meia hora.

Estamos bem, estamos bem... Já era a milhonésima vez que ela repetia isso em voz alta. Mas ela só iria parar se conseguisse se convencer do mesmo. E isso demoraria um pouco.
Depois de alguns minutos estava se sentindo mais otimista. Já conseguia pensar em outras coisas que não fossem o acidente. Não havia recebido nenhuma notícia a mais de 2 horas, e isso a angustiava. Não era fácil aguentar o silêncio na sala de espera. Só ela. Havia outras pessoas passando, mais ela nem as notava. Estava tensa, triste.
Isso não era algo pelo qual uma garota de quinze anos deveria passar. Aliás, ninguém deveria passar por aquela angústia. Superaria, ela sabia, quando tudo aquilo acabasse.
Foram mais alguns minutos de  tensão e pronto, surgiu  o alguém que ela tanto esperava. E com boas notícias. O doutor chegou e lhe disse que podia ficar tranquila, que sua mãe já estavam bem, e que pedia para vê-la. Essas horas separadas não havia feito bem para nenhuma das duas. Se abraçaram por longos minutos e as duas desabaram a chorar, não queria largar a mãe. Só largou quando sentiu falta da única pessoa que faltava para completar aquilo ali.
Virou-se para todos os lados, procurando, mesmo sabendo que ele não estava naquele quarto. Olhou para sua mãe, estava confusa, e fez a pergunta tão esperada.
_ Onde ele está?
A tristeza na cara da mãe foi gritante. Não precisou de palavra nenhuma para que Mariana entendesse. Ela já havia entendido tudo. O acidente, a demora, o olhar. De repente ela sentiu como se seu mundo tivesse desmoronado completamente, e não conseguia mais sentir nada. Estava em pânico, medo, tristeza, e outros sentimentos que ela nem sabia que existiam. Não conseguia falar, nem chorar. Queria gritar mais não saia voz.
Flashes começaram a passar sobre seus olhos. Os olhos dele, seu sorriso, seu rosto. As brincadeiras, os abraços, as broncas, tudo.  A primeira lágrima caiu. Sabia que depois desse muitas viriam, mais não estava preocupada. Queria chorar, e muito.
Sua mãe também não sabia o que falar, somente abraçou-a denovo e choraram juntas. Dali para frente teria que ser assim. Uma teria que ajudar a outra, passariam por muitas coisas ruins. Aquele abraço durou mais alguns minutos, quando sua mãe pegou seu rosto entre as mãos e olhando no fundo dos seus olhos disse:
_ Eu estarei aqui se você precisar, para qualquer coisa. E nunca se esqueça, ele te amava muito, e não gostaria de te ver sofrer. Ele vai continuar sempre a olhar por nós, nos protegendo de tudo.
E contendo as lágrimas, Mariana tentou parecer forte.
_ Eu sei que vai ser díficil, mais agente aguenta."
(RR.)




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